Pesquisar este blog

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

José


JOSÉ

E agora, José?

A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,

está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?

sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?

Com a chave na mão

quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,

se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro

qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?
 
Carlos Drummond de Andrade

A bunda por Carlos Drummond de Andrade


A bunda que engraçada


A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.

Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda – esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.

A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.

A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.

Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.

A bunda é a bunda,
rebunda.

http://cseabra.utopia.com.br/poesia/poesias/0508.html

sábado, 22 de outubro de 2011

Rosas


Sobre as rosas que escrevo.
Não as vi crescerem.
Geneticamente enriquecidas.
Gentilmente agregadas.
Entre Pereira, Queiroz, Ferreira e Santos
Frutificaram e miscigenaram.
Pardos.
Negros.
Mulatos e Brancos.
Outros galhos afloraram e aflorarão.
Alguns rosa terão.
Desde a conceição.
A primeira rosa por opção, deixou de ser augusto.
Por decisão.
Não quiz amparo.
Plantou a semente, de origem luso-africana, no roseiral. 
Pulularam primeiramente eles.
Que unindo a elas.
Geraram eles e elas.
Éramos seis, hoje só eu, e as sementes.
Saudades e esperança.
Rosas temos o perfume e o poder de fascinar.
rar.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Iniciação ao Budismo






Texto de de H. Saddhatissa,


extraído do livro"O Caminho do Buda"

Uma característica singular do budismo é a omissão de qualquer cerimônia semelhante à do batismo. Existe apenas um meio de se tornar um budista, e este é o de seguir os passos do Buda e tentar pôr em prática seus ensinamentos no decorrer da vida. A filosofia budista reconhece certos "obstáculos" que impedem o crescimento de um indivíduo em direção a sua liberação. Um desses obstáculos é "a crença em ritos e rituais", a suposição equivocada de que, através da participação em cerimônias especiais ou em algumas práticas "religiosas", se possa encontrar a salvação. Não é, pois, de se admirar que não existam cerimônias de batismo no budismo. "Buscai vossa própria liberação" , e não vos importeis em vos associar a quaisquer grupos ou sociedades.

O que, então, marcaria a iniciação ao budismo? A qualidade requerida é o saddhã, freqüentemente traduzido como "fé", mas dignificando "confiança baseada no conhecimento". Como disse o Buda: "a confiança é a companheira do homem, e a sabedoria lhe dá o comando." Outra tradução interessante de saddhã é "a certeza de que há um objetivo a ser alcançado". Antes que se possa começar a seguir seriamente a trilha do Buda, é necessário que se tenha dentro de si, ainda que com certa hesitação, a confiança de que existe um caminho a ser trilhado e um objetivo a ser alcançado. Essa confiança inicial pode ser reforçada gradativamente, à medida que a experiência nos ensine que ela foi bem fundada. Contudo, sempre através da longa jornada, esta resposta do coração, este despertar da confiança, precederá, capacitando-nos a dar um novo passo na escuridão.

Não há dúvidas no reconhecimento deste modelo – a confiança inicial que conduz à vontade de experimentar, o que por sua vez resulta na confirmação da confiança original e fornece a base a partir da qual um passo além pode ser contemplado – que a prática budista do Tisarana foi instituída e desenvolvida.

O Tisarana, "a busca dos três refúgios", envolve a repetição tríplice da seguinte fórmula:
No Buda busco refúgio.
No Dhamma (ensinamento) busco refúgio.
No Sangha (ordem dos monges) busco refúgio.

Para o ocidental cético, tal sortilégio, sem dúvida alguma, soa como idolatria, superstição e "passividade oriental". Contudo, buscar refúgio no Buda não implica qualquer garantia pessoal de que ele próprio conduza à chegada ao objetivo de qualquer um de seus seguidores. Ao contrário, ele disse: "Por certo fazer o mal a ti mesmo, por ti mesmo te tornas impuro, por ti mesmo evitas o mal e te tornas puro. A pureza e a impureza ao indivíduo pertencem. Ninguém pode purificar o seu próximo".
O Tisarana, na verdade, seria provavelmente mais aceitável para o ocidental se em vez da consagrada expressão "refúgio" fosse empregada a palavra guia. Conseqüentemente, o primeiro "refúgio" poderia ser então traduzido como "eu pretendo usar o exemplo do Buda para guiar-me em minha busca".

O segundo guia é o Dhamma, o ensinamento. O exemplo da própria vida do Buda é de grande ajuda aos que desejam atingir um objetivo semelhante, do mesmo modo que a vida de Cristo oferece um modelo para inspirar e guiar os verdadeiros cristãos; o budista tem um segundo guia no detalhado ensinamento legado através dos tempos, assim como os cristãos têm um guia semelhante nos sermões e parábolas de Cristo registrados nos Evangelhos. O budista é, entretanto, mais afortunado, no sentido de que o Buda viveu por muitos anos após sua iluminação e teve tempo suficiente para desenvolver e aperfeiçoar uma filosofia detalhada, um código de vida, uma cuidadosa análise lentamente elaborada do caminho a ser tomado e de vários estágios a serem atingidos e transcendidos. No decorrer de sua vida de ensinamentos, o Buda encontrou milhares de pessoas de diferentes níveis sociais, de educação, morais e religiosos. Adaptou e aperfeiçoou sua mensagem para preencher as necessidades e capacidades de reis e mendigos, prostitutas e ascetas. O budismo atual pode voltar-se, portanto, confiantemente para o Ensinamento (Dhamma) em busca de apoio, sabendo que esse ensinamento desenvolveu-se a ponto de incorporar todos os tipos e condições humanas. Além do mais, na medida em que o ensinamento é colocado em prática, o seguidor do Buda passa a ter uma razão mais certa e mais íntima para acreditar no Dhamma: ele passa a se dar conta de que, apesar de conhecer pouco – e praticar menos ainda -, está começando a ser ajudado e "socorrido" pelo ensinamento. Ele recorre ao Dhamma em busca de apoio, pois começa a descobrir que a sua mensagem está de acordo com a sua própria experiência adquirida vagarosamente, e provavelmente de um modo doloroso.

O terceiro refúgio é o Sangha, a comunidade de monges do passado, presente e futuro. O fato de milhões de homens terem seguido o ensinamento do Buda e terem decidido devotar toda a sua energia e atenção a ele, e ainda o terem considerado um modo de vida válido e satisfatório, fez com que se tornassem o terceiro guia do budista. O Sangha pode ser interpretado como comunidade ou ordem de monges, mas pode também ser interpretado como a amizade daqueles que percorreram os caminhos do Buda e colheram o fruto de seu trabalho.
http://www.nossacasa.net/shunya/default.asp?menu=1259

Ah! Se todos no mundo fossem iguais a você.

Quando temos certeza de nossas escolhas, não precisamos alardear ou convencer alguém.
Basta: Ser simplesmene "Ser."
Quando queremos reafirmar, convencer, impor, criticar.
Falta-nos algo.
Ou sobra a incoerência.

Várias verdades, vários caminhos, várias religiões, várias ideologia, vários povos, várias culturas, vários ensinamentos.
Convivendo harmaniosamente.
Paz.
Quando não.
Falta o respeito.
Sobra a prepotência.

Nem sempre consigo.
Mas quando posso conjugar a tolerância.
Tenho ciência que não depende somente de mim.
Eu, tu, ele, nós, vós, eles.
Prefiro no presente e no futuro.

O oposto é caturrice.
rar.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Quem escreveu a Bíblia?

 

por Texto José Francisco Botelho


Em algum lugar do Oriente Médio, por volta do século 10 a.C., uma pessoa decidiu escrever um livro. Pegou uma pena, nanquim e folhas de papiro (uma planta importada do Egito) e começou a contar uma história mágica, diferente de tudo o que já havia sido escrito. Era tão forte, mas tão forte, que virou uma obsessão. Durante os 1 000 anos seguintes, outras pessoas continuariam reescrevendo, rasurando e compilando aquele texto, que viria a se tornar o maior best seller de todos os tempos: a Bíblia. Ela apresentou uma teoria para o surgimento do homem, trouxe os fundamentos do judaísmo e do cristianismo, influenciou o surgimento do islã, mudou a história da arte – sem a Bíblia, não existiriam os afrescos de Michelangelo nem os quadros de Leonardo da Vinci – e nos legou noções básicas da vida moderna, como os direitos humanos e o livre-arbítrio. Mas quem escreveu, afinal, o livro mais importante que a humanidade já viu? Quem eram e o que pensavam essas pessoas? Como criaram o enredo, e quem ditou a voz e o estilo de Deus? O que está na Bíblia deve ser levado ao pé da letra, o que até hoje provoca conflitos armados? A resposta tradicional você já conhece: segundo a tradição judaico-cristã, o autor da Bíblia é o próprio Todo-Poderoso. E ponto final. Mas a verdade é um pouco mais complexa que isso.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Somos apenas o que pensamos?

 
Ao pensar modelamos o mundo.
Traçamos planos a perseguir.
Erros e acertos.
Assim também outros pensam.
Traçam planos.
Erram e acertam.
 
Se a existencia é a qualidade do que é real.
A realidade não é apenas a projeção do que eu penso. 
rar.


Tudo é relativo
Para alguns a fé é; para outros a fé não é.
O importante é ter opinião a respeito e, em estado constante de verificação.
Em vigília.
Pois o que pode ser, pode deixar de ser.

Estejamos afirmando a fé ou negando-a. 
Estamos exercitando-a.
O que é o nosso argumento, se não a dissertação de nossa crença?

Observei que todos acreditam, e defendem o seu ponto de vista.
Tendo fé na fé do outro , ou discordando com fé, desta fé. 
rar.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O comunismo foi pensado de diferentes formas ao longo do tempo.


De forma geral, a maioria dos livros didáticos costuma atrelar o surgimento do comunismo em função da reflexão teórica apontada por Karl Marx e Friedrich Engels. Entretanto, essa idéia de que o comunismo seria fruto de uma mera reflexão de dois teóricos do século XIX pode ser vista sobre outro prisma. Basta compreendemos o comunismo enquanto experiência socialmente vivida e, ao mesmo tempo, buscarmos enxergar traços dessa mesma experiência na fala de outros pensadores.

O comunismo pode ser compreendido como certo tipo de ordenação social, política e econômica onde as desigualdades seriam sistematicamente abolidas. Por meio dessa premissa, a experiência comunista parte de um pressuposto comum onde a desigualdade social gera problemas que se desdobram em questões como a violência, a miséria e as guerras. A intenção de banir as diferenças entre os homens acaba fazendo com que muitos enxerguem o comunismo como uma utopia dificilmente alcançada.


Na Grécia Antiga, o filósofo Platão buscou arquitetar uma forma de governo ideal onde a propriedade privada e as famílias seriam extintas. O fim da família e da propriedade reforçaram um ideal de comunidade que colocaria em segundo plano os interesses individuais e familiares. A união sexual deveria ter caráter temporário e a criação dos filhos seria de responsabilidade do Estado. Sem abordar a questão do escravismo, o pensamento platônico não tece uma crítica total aos valores de sua época.


Durante a Idade Média, a crise do sistema feudal e o grande enriquecimento da Igreja impulsionaram a formação de movimentos que tentaram abolir as desigualdades. Inspirados por um discurso de forte traço religioso, algumas das heresias medievais não só criticavam as desigualdades de seu tempo. Dotados de uma tendência mais radical, alguns movimentos religiosos deste período defendiam a supressão da classe nobiliárquica e a revolta camponesa como mecanismos de justiça social.


No período de ascensão da burguesia mercantil, outros pensadores também se preocuparam em criticar os valores de seu tempo em favor de uma sociedade ideal. No século XVI, o filósofo britânico Thomas Morus redigiu a obra “Utopia”, lançou novas bases onde o comunismo seria vivido por meio de mecanismos que subordinassem a individualidade em prol do coletivismo. Contrariando uma tendência do pensamento renascentista (o individualismo), Morus buscou uma maior comunhão social.


No século seguinte, o advento da Revolução Inglesa foi visto como uma experiência histórica que deu brecha a práticas comunistas. Em meio às reivindicações da nascente burguesia britânica, trabalhadores urbanos e camponeses reivindicavam o fim das propriedades privadas e coletivização igualitária das riquezas. Nessa época, um grupo conhecido como “diggers” (do inglês, cavadores) plantava em lotes públicos e distribuía os alimentos colhidos entre a população inglesa.


O desenvolvimento da sociedade capitalista trouxe novas inspirações ao pensamento comunista. O auge dessas tentativas de explicação das desigualdades surgiu com os pressupostos do socialismo científico de Karl Marx e Friedrich Engels. Inspirados pela dialética hegeliana e uma interpretação histórica das sociedades, esse pensadores buscaram na realidade material a construção de um argumento que colocou no antagonismo das classes sociais as bases de transformação do mundo.


Dessa maneira, o socialismo lançou uma ousada proposta de transformação ao buscar na luta de classes e no materialismo histórico, meios racionais de mudança. Segundo o pensamento marxista, as desigualdades seriam suprimidas no momento em que as classes subordinadas tomassem o controle do Estado. Controlando esta instituição teriam a missão histórica de promover mudanças favoráveis ao fim das desigualdades sociais e econômicas.


Esse governo guiado pelo interesse dos trabalhadores, ao longo do tempo, reforçaria práticas e costumes em favor do comunismo. De acordo com o pensamento socialista, a real instituição do comunismo somente aconteceria no momento em que o Estado (compreendido como uma instituição de controle) fosse extinto em favor de uma sociedade na qual as riquezas fossem igualitariamente divididas a todos aqueles que contribuíssem com sua força de trabalho.
http://twixar.com/dU1BjMBefd

Como funciona o sistema político. Por Bárbara Semerene


17/08/2006

Os direitos, deveres, limitações e a interação entre os três poderes


Por Bárbara Semerene

Para que você possa fazer uma análise específica de cada candidato, é importante que saiba o papel e as limitações de cada cargo. Para que serve e o que pode fazer um presidente? E os deputados estaduais e federais? Qual é a diferença da atuação deles e dos senadores? E os governadores, onde ficam nesta história? E mais: como é a interação de um com o outro?

"No Brasil, a gente tem aquela idéia de que o presidente faz tudo sozinho. Isso não é verdade", alerta o cientista político Rogério Schmidt, consultor da Tendências Constultoria. O sistema político brasileiro é presidencialista. Nesse regime, há três poderes: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, exercidos, respectivamente, pelo presidente da República, pelo Parlamento (no caso do Brasil, o Congresso Nacional - dividido entre Câmara dos deputados e Senado Federal) e pelo Supremo Tribunal Federal. Toda a concepção do presidencialismo baseia-se na harmonia desses três poderes. Nenhum pode impôr-se ao outro ou tentar superar os demais. Para manter esse equilíbrio, há um sistema de freios e contrapesos pelo qual um poder controla o outro e cada um depende dos outros dois.

Neste sistema político, o chefe de Estado (que simboliza a Nação) e o chefe de governo (que dirige a administração do país) são a mesma pessoa, ou seja, o presidente da República. Ele quem nomeia ministros e embaixadores, e propõe o orçamento. Na prática, funciona assim: o Executivo propõe a agenda de políticas públicas, o orçamento que fixa as despesas, e o Legislativo tem a função de chancelar ou não essa agenda, discutir a viabilidade política dela, modificá-la e ficalizar os abusos de poder do presidente. Ou seja: o Executivo propõe e o Legisltativo controla.

Não que ele também não possa propôr. Congressistas também propõem projetos de lei. E o presidente da República também pode vetar o que foi aprovado pelo Congresso. O Executivo que escolhe os nomes dos membros do Supremo Tribunal, controlando o Judiciário. Mas o Legislativo deve aprovar esses nomes, controlando o Executivo e o Judiciário, que julga a aplicação das leis, podendo até mesmo suspender sua execução. Com isso, ele freia o Legislativo e o Executivo. E assim, faz-se o jogo de forças.

O Senado é composto por 81 membros, e a Câmara dos Deputados de 513 deputados. Todos são eleitos por voto direto, para mandatos de 8 e 4 anos, respectivamente. O Senado é composto por três Senadores de cada estado e do Distrito Federal. As eleições para Senador são alternadas (1/3 e 2/3) a cada quatro anos, concomitantemente às eleições para a Câmara dos Deputados. 

Os senadores têm mandato de oito anos, mas a cada dois anos o plenário elege um novo Presidente (que passa a ser, também, Presidente do Congresso Nacional), dois Vice-Presidentes, quatro Secretários e quatro Suplentes. Esta é a Comissão Diretora, à qual, entre outras funções, compete dirigir as sessões no plenário, que é a instância hierarquicamente superior, além de comandar todo o complexo administrativo, gerenciado pelo Primeiro-Secretário.

Os deputados federais, estaduais, distritais e vereadores são eleitos segundo as regras das eleições proporcionais. Ao contrário do que ocorre nas eleições majoritárias (presidente e vice-presidente da República, governador e vice-governador, prefeito e vice-prefeito, e senador), nem sempre os candidatos mais votados ocuparão uma vaga na Casa Legislativa. É necessário que o partido ou coligação a que pertença o candidato obtenha um número mínimo de votos, expresso por meio do quociente eleitoral.

Os candidatos eleitos serão os mais votados por partidos e coligações de forma a preencher as vagas que tais agremiações obtiverem na Câmara dos Deputados, nas assembléias legislativas, na Câmara Distrital (DF) ou nas câmaras municipais.


Para determinar o número de vagas a que cada partido ou coligação terá direito, são realizados dois cálculos: o do quociente eleitoral e do quociente partidário. O quociente eleitoral define os partidos e/ou coligações que terão direito a ocupar as vagas em disputa nas eleições proporcionais. Determina-se o quociente eleitoral dividindo-se o número de votos válidos apurados pelo de lugares a preencher em cada circunscrição eleitoral. Atualmente os votos em branco não são computados para proclamação dos eleitos nas eleições proporcionais.
O quociente partidário define o número inicial de vagas que caberá a cada partido ou coligação que tenham alcançado o quociente eleitoral.
Determina-se para cada partido ou coligação o quociente partidário, dividindo-se pelo quociente eleitoral o número de votos válidos dados sob a mesma legenda ou coligação de legendas. Estarão eleitos tantos candidatos registrados por um partido ou coligação quanto o respectivo quociente partidário indicar, na ordem da votação nominal que cada um tenha recebido.

A Constituiçao Federal determina que o número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, deve ser estabelecido proporcionalmente à população. Nenhum Estado pode ter menos de oito ou mais de 70 deputados. Feitos os cálculos, o Tribunal Superior Eleitoral encaminha aos Tribunais Regionais Eleitorais e aos partidos políticos o número de vagas a serem disputadas.
Além do número mínimo de representantes, a lei determina que cada Território Federal será representado por quatro Deputados Federais.

A diferença entre senadores e deputados é mais formal do que prática. Na teoria, os deputados representam a população, enquando os senadores representam os Estados. Qualquer lei, para ser aprovada, tem que ser aprovada tanto pelo Senado quanto pela Câmara dos Deputados.

Leia mais:
http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2006/08/17/435469/omo-funciona-sistema-politico.html

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Ditadura militar 1964 À 1985


Por muito tempo, vários livros escolares colocavam a data de 31 de março de 1964 como o dia da “revolução militar” que derrubou o presidente João Goulart, o Jango. Para um regime que tinha a censura como um dos seus principais postulados, nada mais natural que eles adotassem esse data nos antigos livros de Educação Moral e Cívica ao bel prazer, afinal era melhor ligar o movimento ao dia 31 do que ao dia 1º de abril, conhecido como o dia da mentira. É verdade, entretanto, que os militares não estavam totalmente errados. Até hoje, há divergências entre os historiadores. Alguns colocam o dia 31 como o dia do golpe de 64. Outros adotam o dia 1º de abril. Para você tirar as dúvidas e chegar à sua própria conclusão, vamos à cronologia dos fatos.

Na noite de 31 de março de 1964, o general Olímpio Mourão Filho, apoiado pelo governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, saiu de Juiz de Fora, em Minas Gerais, com suas tropas em direção ao Rio de Janeiro para depor Jango. Outras tropas começaram a aderir. A efetivação do golpe, no entanto, aconteceu mesmo no dia da mentira. Nesse dia, o presidente do Congresso Nacional, senador Auro de Moura Andrade, declarou vaga a Presidência da República. Jango não reagiu à manobra político-militar. O cargo foi provisoriamente assumido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Paschoal Ranieri Mazilli, que ficou sob a tutela de uma junta militar. No mesmo dia, a violência na caça dos militares contra os comunistas ou simplesmente os oposicionistas já estava explicitada. A sede da União Nacional dos Estudantes (UNE), na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, foi incendiada. O regime militar que manteria duas décadas de ditadura estava instalado.

No dia 11 de abril, o general Humberto Castelo Branco assume a presidência, começando uma alternância de poder entre militares até 1985, quando assume novamente um presidente civil, José Sarney. E a violência da ditadura aumentando a cada ano.
O saldo da ditadura militar é um triste relato do fim da liberdade política e de expressão e da violência. Veja os números do relatório Brasil: nunca mais.
  • Entre 1964 e 1979, 10 mil brasileiros foram exilados por motivos políticos.
  • Foram abertos 707 processos políticos pelos órgãos de repressão.
  • 7.367 pessoas foram detidas por causa dos processos.
  • 1.918 pessoas afirmam terem sido torturadas nessas prisões.
  • 4.682 civis com cargos públicos foram demitidos ou perseguidos.
  • 595 políticos eleitos tiveram seus direitos políticos cassados.
  • 1.805 militares foram destituídos dos seus postos.
  • 144 pessoas foram mortas vítimas de tortura.
  • 152 brasileiros desapareceram


 O golpe dentro do golpe

No dia 13 de dezembro de 1968, o regime militar tornou-se ainda mais severo.
Foi promulgado o Ato Institucional número 5, o AI 5. 
Entre suas medidas estavam:
Fechamento do Congresso Nacional
Autorização da legislação por decreto
Dotação de plenos poderes ao presidente da República
Proibição das reuniões públicas
Suspensão dos habeas corpus para crimes políticos

O acirramento do lado dos militares provocou a cassação de direitos civis de milhares de pessoas, além da censura aos jornais e a espetáculos artísticos, enquanto os porões dos quartéis se enchiam de presos e torturados. Do outro lado, a oposição também acirrava suas ações para o lado da violência, e a guerrilha de esquerda tomava contornos maiores, inclusive saindo da cidade e chegando à floresta, como o caso da guerrilha do Araguaia. Tempos nebulosos.

Mudando o currículo

Durante os anos de ditadura militar, houve uma mudança nas matérias relacionadas às ciências humanas. Antes eram ministradas disciplinas como filosofia e sociologia. Os militares decidiram tirá-las do currículo e colocaram conteúdos ufanistas em matérias como Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política Brasileira. Era uma época que muitas escolas adotavam a prática de cantar o hino nacional antes do início das aulas. Enquanto isso, a história recente era apagada, já que os jornais conviviam diariamente com um censor em suas redações, que cortava qualquer notícias indesejada ao regime.

Luís Indriunas.  "HowStuffWorks - O golpe de 64 foi em 31 de março ou 1º de abril?".  Publicado em 25 de março de 2008  (atualizado em 04 de julho de 2008) http://pessoas.hsw.uol.com.br/golpe-de-64.htm  (12 de outubro de 2011)